Senadora Damares Alves Levanta Suspeitas Sobre a Saúde Mental de Alexandre de Moraes em Audiência no Senado
Durante uma tensa audiência na Comissão de Segurança Pública do Senado, realizada na quarta-feira, 30 de abril, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) protagonizou um momento polêmico ao questionar publicamente a sanidade mental do ministro Alexandre de Moraes, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF). A senadora, em tom contundente, sugeriu que o magistrado seja submetido a uma avaliação psiquiátrica, argumentando que suas decisões poderiam representar risco à segurança pública do país.
Uma Fala Contundente e Incomum
Em sua intervenção, Damares destacou que a legislação brasileira prevê a possibilidade de solicitar um exame de sanidade mental de uma autoridade, e que essa possibilidade precisa ser levada a sério diante do comportamento do ministro.
“Talvez ninguém nunca tenha feito esse pedido antes, mas é algo juridicamente viável. É preciso que comecemos a considerar a hipótese de um exame de sanidade mental. Esse homem pode estar colocando a segurança de uma nação inteira em risco. Isso talvez não seja apenas uma questão de caráter. Pode ser um caso de distúrbio psicológico. Um possível complexo de perseguição, o que configura doença mental. Nós, como parlamentares, precisamos tomar uma atitude”, declarou a senadora em tom enfático.
Contexto da Sessão: Depoimento de Glenn Greenwald
O episódio aconteceu durante a audiência em que o jornalista norte-americano Glenn Greenwald foi ouvido pela comissão. Greenwald, conhecido por seu papel central na divulgação da Vaza Jato, foi convidado para relatar informações ligadas a ameaças de morte contra Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes.
Segundo Greenwald, sua equipe de jornalismo teve acesso a áudios e mensagens que indicariam que Tagliaferro estaria com medo de sofrer represálias, por supostamente ter conhecimento de ordens consideradas comprometedoras, que teriam sido emitidas por Moraes. O jornalista também relatou que os conteúdos obtidos por sua equipe mostram um ambiente de tensão e intimidação envolvendo figuras ligadas ao ministro.
Acusações e Implicações
A fala de Damares, ao sugerir que o ministro do STF sofre de problemas psiquiátricos, representa um rompimento do protocolo geralmente observado entre os Poderes da República. Embora existam tensões históricas entre Legislativo e Judiciário, é raro que parlamentares questionem diretamente a saúde mental de um ministro da Suprema Corte.
Ao apontar a possibilidade de um "complexo de perseguição", Damares sinalizou que, em sua visão, Alexandre de Moraes estaria ultrapassando limites legais e institucionais, movido por motivações emocionais ou psicológicas. “Isso é algo sério, não podemos mais tratar como uma simples divergência institucional. Estamos lidando com alguém que, talvez, esteja vendo inimigos em toda parte e agindo a partir disso”, reforçou a senadora.
A Repercussão no Senado e nas Redes
A declaração de Damares rapidamente ganhou repercussão tanto entre os senadores presentes quanto nas redes sociais. Enquanto aliados da senadora apoiaram a fala, vendo nela um grito de alerta contra o que classificam como abusos de autoridade por parte de Moraes, opositores consideraram a atitude irresponsável e um ataque à institucionalidade do STF.
Alguns parlamentares lembraram que questionar a sanidade mental de um ministro sem base clínica ou jurídica sólida pode configurar crime contra a honra e abrir espaço para judicialização. Outros criticaram o uso do espaço parlamentar para discursos que podem acirrar ainda mais a crise entre os Poderes.
Ação Inédita ou Estratégia Política?
Essa movimentação de Damares Alves levanta dúvidas sobre sua real intenção com a proposta. Há quem acredite que a senadora, conhecida por sua postura combativa e alinhamento com setores conservadores, esteja utilizando a comissão como palco político para mobilizar sua base. Por outro lado, há também os que veem sua fala como reflexo de um desconforto crescente no Legislativo com os avanços do Judiciário em questões sensíveis, especialmente em temas envolvendo liberdade de expressão, redes sociais e investigações de cunho político.
A Situação de Tagliaferro e as Denúncias de Glenn
O depoimento de Glenn Greenwald trouxe elementos novos ao debate. De acordo com o jornalista, Eduardo Tagliaferro estaria sob forte pressão psicológica após o vazamento de informações que, supostamente, o ligariam a decisões internas do gabinete de Moraes.
Greenwald não apresentou, na audiência, o conteúdo completo das mensagens e áudios, mas afirmou que sua equipe está analisando os dados e que novas reportagens devem ser publicadas nos próximos dias. A Comissão de Segurança Pública decidiu, diante das alegações, analisar a possibilidade de convocar Tagliaferro para prestar esclarecimentos formais.
A Fragilidade Institucional em Foco
O episódio ressalta a delicada relação entre os Poderes da República. Em um momento em que o Brasil vive debates intensos sobre os limites da atuação judicial, especialmente no contexto de investigações envolvendo figuras políticas e a regulação das redes sociais, esse tipo de declaração tende a acirrar ainda mais os ânimos.
A senadora Damares Alves encerrou sua fala pedindo “reflexão e coragem” aos colegas parlamentares. “Se estamos vendo abusos, se estamos vendo desequilíbrios, temos o dever constitucional de agir. Não podemos mais tratar isso com passividade”, concluiu.
Caminhos Possíveis
Não está claro se a sugestão de Damares será levada adiante em forma de requerimento oficial. Especialistas jurídicos ouvidos por veículos de imprensa apontam que, embora exista previsão legal para exames de sanidade mental em casos específicos, aplicá-la a um ministro do STF sem o devido processo ou base pericial concreta seria inédito e juridicamente controverso.
O episódio, no entanto, já cumpre um papel: recoloca no centro do debate a crescente tensão entre Legislativo e Judiciário e alimenta a polarização política que ainda marca fortemente o cenário institucional brasileiro.