O governo de Donald Trump intensificou nesta semana sua postura contra empresas de tecnologia ao emitir uma orientação para consulados americanos barrando solicitantes de visto H-1B que tenham trabalhado com moderação de conteúdo. A decisão, considerada controversa, nasce da visão do Partido Republicano de que esse tipo de atuação pode representar ameaça à liberdade de expressão. O movimento marca mais um capítulo na disputa entre Washington e as big techs, especialmente em temas ligados ao controle e à filtragem de informações online.
O H-1B e Sua Importância Para o Setor de Tecnologia
O visto H-1B é um dos pilares do recrutamento global realizado pelas gigantes de tecnologia. Ele permite que empresas americanas contratem profissionais estrangeiros altamente qualificados em áreas como engenharia de software, ciência de dados, cibersegurança e desenvolvimento de sistemas. A restrição recém-anunciada, no entanto, altera de forma significativa esse cenário. Segundo documentos internos revelados pela imprensa norte-americana, candidatos que tenham exercido funções relacionadas à checagem de fatos, combate à desinformação ou moderação de conteúdo podem ser considerados inelegíveis, mesmo que essas atividades tenham sido apenas parte de atribuições mais amplas. Para o governo Trump, qualquer envolvimento em processos interpretados como censura digital contradiz os princípios de liberdade de expressão defendidos pela administração.
Critérios que Podem Resultar na Recusa do Visto
Mensagens obtidas pelo Washington Post e pela agência Reuters descrevem detalhadamente os critérios que levarão consulados a rejeitar solicitações de visto. A nova diretriz cita como fatores de risco a participação em checagem de fatos, moderação de conteúdo, programas de combate à desinformação e trabalhos de conformidade ligados à segurança online. Também entram na lista atividades realizadas por ordem de governos estrangeiros ou orientações internas consideradas incompatíveis com a liberdade de expressão. A administração Trump argumenta que parte das políticas adotadas por big techs e determinados governos resultam em ambientes digitais onde opiniões são restringidas de forma indevida. A partir desse entendimento, qualquer função profissional que possa ser associada a esse tipo de controle torna-se motivo para negar a entrada do candidato nos Estados Unidos.
Liberdade de Expressão como Pilar da Política Externa
A gestão Trump transformou o debate sobre liberdade de expressão digital em um dos alicerces de sua política externa. Ao longo dos últimos anos, o governo norte-americano criticou medidas europeias destinadas a regular as plataformas digitais, classificando algumas delas como tentativas de limitar vozes conservadoras. Essa percepção agora se traduz em ações concretas no campo migratório. A diretriz enviada aos consulados afirma que, caso haja indícios de participação em atividades que possam configurar “censura de expressão protegida”, o visto deve ser negado com base em fundamentos já existentes na legislação migratória dos Estados Unidos. O impacto dessa decisão ultrapassa fronteiras, afetando profissionais que, muitas vezes, atuavam apenas para cumprir normas internas de empresas ou regras impostas por diferentes países.
Como Será Feita a Análise dos Candidatos
A orientação determina que os consulados realizem uma avaliação completa do histórico profissional dos candidatos. Isso inclui examinar currículos, perfis no LinkedIn e até informações sobre dependentes incluídos no processo de solicitação. O objetivo é identificar qualquer participação em atividades como checagem de fatos, moderação, compliance digital ou combate à desinformação. A recomendação de analisar também o perfil de familiares amplia o alcance da medida e aumenta a possibilidade de negativas. Dependendo da interpretação, mesmo profissionais que trabalharam indiretamente com políticas de conteúdo podem ser enquadrados. A mudança, portanto, cria um clima de incerteza para trabalhadores de diversos setores tecnológicos.
Possíveis Consequências Para as Big Techs
Especialistas apontam que a decisão pode gerar um efeito colateral indesejado no setor de tecnologia nos Estados Unidos. O país enfrenta escassez de mão de obra altamente especializada em áreas estratégicas, e muitas empresas dependem do H-1B para preencher lacunas essenciais. Ao ampliar a lista de impedimentos, o governo pode dificultar a contratação de profissionais experientes em segurança da informação, análise de dados e políticas digitais — áreas fundamentais para o funcionamento de plataformas modernas. Além disso, empresas que mantêm equipes dedicadas à integridade de conteúdo e à proteção de usuários terão de reconsiderar a forma como definem e documentam tais funções, já que suas descrições podem ser interpretadas como fatores de risco em processos migratórios.
O Endurecimento Geral da Política Migratória
A diretriz não surge de maneira isolada, mas integra um conjunto mais amplo de medidas que reforçam a política migratória sob a administração Trump. Nos últimos meses, o governo anunciou a criação de uma taxa de US$ 100 mil para o processo do visto H-1B, valor considerado extremamente elevado por especialistas e empresas. Outra exigência recente determina que solicitantes mantenham perfis públicos em redes sociais a partir de 15 de dezembro, permitindo que autoridades migrem de uma análise documental para um monitoramento mais profundo da vida digital dos candidatos. Para analistas, essas ações demonstram uma estratégia mais robusta de filtragem, baseada não apenas em qualificações profissionais, mas em interpretações políticas sobre liberdade de expressão e atuação digital.
Como a Medida Afeta Profissionais no Mundo Inteiro
Para milhares de trabalhadores que buscam oportunidades nos Estados Unidos, as novas regras representam um desafio adicional. Profissionais que atuam em áreas relacionadas à integridade da informação — como jornalistas, analistas de dados, especialistas em políticas públicas, moderadores e consultores de tecnologia — podem ser afetados mesmo quando sua função tenha sido estritamente técnica. Essa mudança pode levar muitos talentos a reavaliar seus planos de carreira, considerando destinos alternativos que ofereçam maior previsibilidade e estabilidade regulatória. Países como Canadá, Reino Unido, Alemanha e Austrália tendem a se beneficiar desse movimento, já que mantêm programas de imigração mais claros e menos sujeitos a variações políticas imediatas.
Um Debate que Deve Continuar nos Próximos Anos
A decisão do governo Trump reforça que a disputa sobre moderação de conteúdo vai muito além das redes sociais. Ela agora influencia políticas externas, relações diplomáticas e até rotinas de contratação global. À medida que plataformas digitais se tornam parte essencial da infraestrutura de comunicação mundial, o debate sobre liberdade de expressão, segurança online e responsabilidade das empresas continuará crescendo. Independentemente das mudanças políticas futuras, a discussão sobre o equilíbrio entre proteção digital e preservação de direitos fundamentais seguirá no centro das decisões internacionais. Se quiser, posso produzir também

