Glauber Braga é retirado à força da Mesa após chegada da polícia

Gustavo mendex


O clima político em Brasília voltou a esquentar nesta terça-feira (9), quando o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força da cadeira do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). A ação da Polícia Legislativa aconteceu durante uma sessão marcada por forte tensão, em meio às discussões sobre o processo que pode resultar na cassação do mandato do parlamentar. A cena repercutiu amplamente entre deputados, assessores e internautas, gerando debates sobre os limites do protesto parlamentar e o avanço dos conflitos políticos dentro do Congresso Nacional. Segundo informações divulgadas após o episódio, Glauber ocupou a cadeira da Presidência como forma de protesto contra o andamento do processo disciplinar que enfrenta no Conselho de Ética. O gesto acabou interrompendo a sessão e levou agentes de segurança da Casa a intervir de maneira rápida, gerando reação imediata de aliados do deputado.

Entenda o Processo Que Pode Levar à Cassação de Glauber Braga

O processo contra Glauber Braga teve início após uma denúncia que o acusa de quebra de decoro parlamentar. Segundo a representação, o deputado teria empurrado e desferido um chute contra um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) durante um protesto que ocorreu no Congresso Nacional no ano passado. O caso gerou grande repercussão à época e chegou ao Conselho de Ética por meio de partidos da oposição. A votação sobre o futuro político de Glauber está prevista para ocorrer na próxima semana. Caso o Conselho aprove a recomendação de cassação, o parecer será enviado ao plenário da Câmara, onde os deputados decidirão, em votação aberta, se o parlamentar mantém ou perde o mandato. A possibilidade de cassação tornou o clima ainda mais tenso nos últimos dias, motivando manifestações e declarações de apoio e repúdio vindas de parlamentares de diferentes campos ideológicos.

Ações da Polícia Legislativa e Reação dos Parlamentares

Durante o protesto de Glauber Braga ao ocupar a cadeira da Presidência, a Polícia Legislativa foi acionada para retirá-lo do local. A operação ocorreu em poucos minutos, mas acabou desencadeando um confronto verbal entre deputados de esquerda e agentes de segurança. A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que é esposa de Glauber, tentou impedir a retirada dele e discutiu com os agentes, enquanto levantava a voz contra o que chamou de ação arbitrária. Outros parlamentares da oposição também cercaram a Mesa Diretora, criando um clima de tumulto e dificultando o trabalho dos seguranças. A confusão acabou forçando a interrupção da sessão e chamou a atenção de quem acompanhava os trabalhos da Casa naquele momento.

Transmissão da TV Câmara é Interrompida

Outro ponto que gerou questionamentos foi a interrupção da transmissão oficial da TV Câmara pouco antes do tumulto. Segundo técnicos, a transmissão foi cortada minutos antes da ação da Polícia Legislativa, o que impediu os telespectadores de acompanharem o episódio completo. O fato levantou suspeitas e críticas, especialmente entre parlamentares que defenderam maior transparência na condução dos trabalhos. Por volta das 17h30, o acesso ao plenário também foi restringido. Assessores, visitantes e jornalistas foram retirados ou impedidos de permanecer no local, o que ampliou a sensação de tensão e reforçou a percepção de que a direção da Casa tentava conter o alvoroço provocado pelo protesto.

Aliados Criticam Ação e Falam em “Repressão Política”

Parlamentares alinhados ao PSOL e a outros partidos da esquerda criticaram de forma contundente a retirada de Glauber Braga pela Polícia Legislativa. Para eles, a intervenção foi desproporcional e configuraria um ato de repressão contra o direito de manifestação política. Sâmia Bomfim afirmou que o marido apenas exercia sua prerrogativa parlamentar ao protestar contra o processo, que ela classifica como “perseguição política”. Outros deputados reforçaram que a Câmara dos Deputados deveria prezar pela liberdade de expressão dos parlamentares e evitar medidas que possam soar como censura ou intimidação. As críticas rapidamente se espalharam pelas redes sociais, onde vídeos gravados por celulares foram compartilhados por apoiadores e opositores, ajudando a impulsionar o debate público sobre o episódio.

Base Governista e Aliados de Hugo Motta Defendem Ação

Por outro lado, deputados alinhados ao presidente da Câmara, Hugo Motta, defenderam a intervenção da Polícia Legislativa. Para eles, a ocupação da cadeira da Presidência representou uma quebra da ordem regimental e um desrespeito às normas internas da Casa. Aliados sustentam que permitir esse tipo de manifestação poderia abrir precedentes perigosos e comprometer o andamento das votações, especialmente em um momento em que o Congresso vive semanas decisivas. Quem apoia a ação também argumenta que a Polícia Legislativa atuou dentro da legalidade ao retirar um parlamentar que impedia o prosseguimento dos trabalhos.

Impacto Político e Repercussão Nacional

O episódio envolvendo Glauber Braga ocorre em um momento em que o ambiente político já está tensionado, com debates sobre anistias, reformas e projetos polêmicos. A proximidade da votação que pode definir o futuro do mandato do deputado adiciona dramaticidade ao cenário e tem potencial para influenciar posicionamentos de parlamentares indecisos. A repercussão nacional também deve reforçar a pressão sobre o Conselho de Ética e sobre os líderes partidários que precisam se posicionar nos próximos dias. Mesmo antes da votação, o caso já se tornou uma pauta central nas conversas nos corredores do Congresso e nas discussões entre analistas políticos.

O Que Esperar dos Próximos Dias

Com o episódio ainda fresco na memória dos parlamentares, a tendência é que a semana seja marcada por negociações intensas, discursos inflamados e novas manifestações. A votação do processo disciplinar promete gerar debates acalorados e pode redesenhar alianças dentro da Câmara. Caso a cassação avance, o impacto poderá ultrapassar a esfera partidária e alimentar discussões sobre o papel do Parlamento no contexto político atual. Já se o processo for arquivado, o episódio desta terça-feira certamente será lembrado como um dos momentos mais tensos do ano legislativo.

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